No Brasil, a principal causa de emissão desses gases de efeito estufa é a conversão de florestas para fins agrícolas. Nesse processo as emissões acontecem não apenas com a retirada da cobertura vegetal, mas no próprio trabalho de plantio, causado pelas ações de preparação do solo, como aragem e fertilização. Contudo, os problemas vão além das emissões dos gases que contribuem para os impactos climáticos: alteração da ciclagem da água, podendo causar a diminuição da quantidade e abundância das chuvas, compactação e redução da infiltração de água no solo, redução de rios e igarapés devido ao assoreamento causado pela erosão, aumento da temperatura local e regional e perda de biodiversidade.
Com o objetivo de contribuir para a mitigação dos impactos climáticos ocasionados por tais mudanças, o Centro de Estudos Rioterra realiza várias ações que visam capacitar agricultores familiares sobre o uso sustentável dos solos. Exemplo disso foi o curso sobre “Manejo e Conservação do Solo”, atividade do Projeto “Quintais Amazônicos”, apoiado financeiramente pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES através do Fundo Amazônia, ocorrida entre os dias 31 de agosto e 02 de setembro de 2016, na Associação de Produtores Rurais da Linha MA 15 – ASPALMAQUI, em Machadinho D’Oeste, que contou com a participação de 19 produtores da região.
“Sempre que falamos sobre alterações climáticas as pessoas pensam na floresta, mas raramente nos solos. Os solos são compartimento que armazenam uma enorme quantidade de carbono, bem maior que a floresta. Também destaco o tempo de formação dos solos. São necessários cerca de mil anos para a formação de 1 a 2 cm de solo. Uma vez perdido, precisaremos de muitas gerações até que estejam aptos à determinadas atividades humanas novamente, como a agricultura. Por isso consideramos importante ampliar os conhecimentos sobre boas práticas de manejo para os agricultores, pois podem ser ótimos aliados na conservação desse recurso natural tão esquecido, mas de fundamental para o nosso desenvolvimento”, complementou Alexis Bastos, coordenador de programas do CES Rioterra.
Entre aulas teóricas, oficinas e visitas às propriedades rurais, os agricultores tiveram a oportunidade de entender sobre como é formado o solo, as principais causas de degradação do solo, as consequências ambientais e econômicas da degradação, bem como as práticas sustentáveis que aliam geração de renda e conservação ambiental.
“Tenho 56 anos e nunca havia participado de um curso na minha vida. Nunca ouvi as informações que aprendi aqui. Todas as vezes que eu olhar para o solo em minha horta, vou lembrar das aulas e das formas de como cuidar desse bem valioso”, ressaltou o senhor Pascoal da Silva, horticultor.