Vamos contar agora um pouco da história do professor e agricultor familiar Eron da Silva Santos, de Itapuã do Oeste, que tem com atividade produtiva a pecuária leiteira, que diz ser sua paixão.
Ele conta que chegou onde mora hoje há 32 anos e, naquela época, tinha uma pequena área aberta. “O restante eu que abri, derrubei para formar pasto, que era o que dava, já que não tinha condições de corrigir o solo com calcário para plantio”, explica.
Cerca de 10 anos atrás ele ouviu falar do projeto Semeando Sustentabilidade através de um aluno. Perguntado sobre por quê decidiu aderir, ele responde: “a princípio para corrigir um erro meu, que foi derrubar a mata ciliar”.
Naquela época, conta, não tinha informação suficiente e os mais velhos diziam que tinha que manter o igarapé limpo para evitar de ter cobras e que elas atacassem o gado.
Depois de começar a estudar a respeito, entendeu a importância da mata ciliar para proteção da água e preservação ambiental. Após se cadastrar no projeto, foi feito o cercamento da APP para evitar que o gado circulasse e, em seguida, o plantio das espécies florestais. Depois foi só cuidar. O que ele faz com muito gosto até hoje.
A atitude de Eron chegou a ser piada entre os vizinhos na época. “Ninguém aqui pensava em plantar beira de igarapé. Chegaram a brincar comigo, ‘mas o que é isso, você está virando Chico Mendes?’. Diziam que não dava lucro”, relembra.
Ele conta que, ao longo desses dez anos, o igarapé que secava nos meses do agosto e setembro não seca mais. A água, além de ser usada para irrigar pastagem, também é bombeada para o gado beber.
A vida voltou
Ao andar por entre as árvores já estabelecidas, ele se orgulha. “O que me deixa feliz é saber que estou fazendo minha parte, que é corrigir o erro que cometi no passado. Quando vejo novas mudinhas surgindo, sinto que eu estou fazendo meu dever de casa enquanto passageiro desse mundo. As espécies mais desenvolvidas, apontadas por ele na área, são a cerejeira, jatobá e angico. Para os vizinhos e amigos, ele dá recado: a mata ciliar deve ser preservada.
Ao final da visita, Eron agradece a parceria que possibilitou o trabalho em sua terra e incentiva outros agricultores. “Eu não poderia fazer isso no tempo que foi feito. Quem tiver a oportunidade, faça sua parte”.
A beira do córrego, ele relata emocionado a transformação da área. “Aqui encheu de peixe, a vida voltou, está cheio de passarinho cantando, tem cobra, jacaré e até onça já vi. É a natureza reagindo. A gente da um empurrãozinho e a natureza toma conta do resto”.
É isso mesmo, Eron. Seguimos, junto com cada agricultor familiar que acredita no projeto, dando pequenos empurrãozinhos para que a natureza siga seu curso.
Todos nós, #JuntospelaAmazônia