Durante quatro dias, agricultores familiares representantes de organizações associativas de 12 municípios de Rondônia se reuniram em Ouro Preto do Oeste para discutir a execução do Projeto Plantar e o Programa de Regularização Ambiental (PRA). Durante as plenárias, foram avaliadas as especificidades, necessidades de cada região, além das prioridades e desafios para o cumprimento das metas do projeto.
No auge dos seus 76 anos, o agricultor familiar Roque Augusto dos Santos, de Rolim de Moura, reforçou a importância de atentar a questões ambientais, fazendo o caminho contrário de décadas atrás, quando o incentivo era justamente desmatar. “Agora a gente tem conhecimento, sabe que o que a tiramos da natureza, temos que devolver”, diz o agricultor, que já aplica na sua propriedade boas práticas como a diversificação da cultura aliada a espécies florestais. “Precisamos pensar nas próximas gerações”, reforça.
O Plantar prevê a recuperação de áreas degradadas e a regularização de propriedades com passivos ambientais por meio do PRA, fortalecimento das organizações sociais, criação de núcleos associativos nos municípios para atuar na implementação de políticas públicas e desenvolvimento de atividades econômicas voltadas à agricultura familiar.
A presidente do Centro de Estudos Rioterra, Telva Maltezo, explica que, paralelamente a essas ações de estruturação dos núcleos municipais, o projeto tem levado aos agricultores a assistência técnica e extensão rural, capacitações e, ainda, promovido intercâmbios entre os diferentes municípios, a fim de se ter uma visão de como cada região tem trabalhado para fortalecer cadeias produtivas e promover o empoderamento de mulheres e jovens.
Exemplo dessas ações é a participação de Dyenef Lauriano Barcellos, de 19 anos. Ela vive com os pais na Linha 4, em Ouro Preto do Oeste e fala da importância de discussões com estas para os jovens nesse processo de repensar a agricultura familiar. “Nesses espaços a gente aprende muito, tanto na parte apresentada pelos técnicos quanto na troca de experiência com os mais velhos. Assim a gente pode levar muitas melhorias pra nossa propriedade e pra compartilhar com nossos vizinhos”, diz a jovem.
Durante a reunião estadual, os representantes os núcleos municipais discutiram as perspectivas para a agricultura familiar para os próximos quatro anos, a sustentabilidade das propriedades no sentido de produzir e preservar os recursos naturais, organização dos agricultores para produção e comercialização dos produtos, as principais culturas agrícolas a serem utilizadas em cada região, o consorciamento de atividades, entre outros.
Os representantes finalizaram o encontro com a missão de atuarem como protagonistas e mobilizadores do projeto para o cumprimento de suas metas. Reuniões serão realizadas em cada município a fim de apresentar o resultado das discussões junto aos agricultores, as questões relacionadas às capacitações, calendários de atividades, entre outras ações.
O Plantar Rondônia é um projeto pioneiro no país, realizado pelo Centro de Estudos da Cultura e do Meio Ambiente da Amazônia – Rioterra, em cooperação com a Ação Ecológica Guaporé – Ecoporé e Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia, em parceria com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental – Sedam e apoio financeiro do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES através do Fundo da Amazônia.
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