Café clonal é uma das espécies agrícolas utilizadas em ações do Plantar Rondônia
O café clonal, cultura altamente produtiva e de grande valor econômico, é uma das espécies que fazem parte dos arranjos agroflorestais das ações de reflorestamento do projeto Plantar Rondônia. Para atender a demanda dos mais de 615 agricultores familiares beneficiados este ano no projeto, a equipe de viveiristas do CES Rioterra está preparando mais de 170 mil mudas da espécie no Viveiro da organização, que fica no município de Itapuã do Oeste.
A produtora rural Marilene dos Santos, de Itapuã do Oeste, é uma das beneficiadas do Plantar Rondônia que está aguardando a chegada das mudas de café. “Quero muito ter o café entre as espécies plantadas na área que será reflorestada em minha propriedade por ser uma cultura com ótimo mercado e que tem produção por vários anos, o que possibilitará para minha família ter uma renda mais garantida”, explicou.
A também agricultora familiar de Itapuã do Oeste, Solange Walsak Sião, que foi beneficiada pelo Plantar Rondônia em 2019 com o plantio de mudas de café intercaladas com mudas de árvores nativas, no modelo de Sistema Agroflorestal, em áreas reflorestadas de sua propriedade, está feliz com o resultado. “No primeiro ano eu colhi café suficiente para meu consumo. Em abril do próximo ano farei a segunda colheita e a expectativa é de já fazer a primeira venda”, comemora.
O café clonal é fruto do cruzamento de plantas dos grupos Robusta e Conilon e sua produção não é feita a partir de sementes e sim de estacas cortadas de matrizes selecionadas em jardins clonais. Atualmente, para a produção das mudas entregues pelo CES Rioterra, as estacas são retiradas de propriedades localizadas na região da Zona da Mata, onde há grande quantidade de material genético de alta qualidade e, em breve, teremos novidades.
“Para o ano que vem, provavelmente, já teremos propriedades reflorestadas anos atrás em ações do CES Rioterra com jardins clonais de alta qualidade genética. Vamos identificar e selecionar as propriedades para regularizar os jardins clonais de acordo com a legislação vigente e será uma alegria ter estacas de alta qualidade genética a partir de mudas produzidas por nós e ter mais esse retorno vindo de nossas ações”, destaca Adriano Ramos, agrônomo na equipe de PRADA – Programa de Recuperação de Áreas Degradadas e/ou Alteradas do CES Rioterra.
Além das vantagens econômicas do café clonal, a espécie tem outras características que a tornam ideal para integrar arranjos agroflorestais na restauração de áreas desmatadas de reserva legal e preservação permanente em propriedades da agricultura familiar em Rondônia.
O café clonal é uma espécie bem adaptada as características da região e várias espécies nativas frutíferas e florestais foram testadas e aprovadas em arranjos com o café. Esses arranjos possibilitam ao produtor recuperar a área respeitando o código florestal, otimizando o espaço para ter um melhor aproveitamento da área, ao tempo que consegue ter um bom retorno econômico.
“Esses arranjos permitem também manter o equilíbrio da diversidade biológica na área reflorestada com diversidade de espécies. A inclusão de espécies arbóreas na mesma área torna menor o custo de produção do café pela menor incidência de erva daninha, além de contribuir na ciclagem de nutrientes e para uma melhor estrutura e qualidade do solo, diminuindo a lixiviação”, complementa Adriano Ramos.
O projeto Plantar Rondônia é realizado pelo Centro de Estudos Rioterra em cooperação com a Ação Ecológica Guaporé e a Federação dos Trabalhadores Rurais de Rondônia, em parceria com a Secretaria Estadual do Desenvolvimento Ambiental (Sedam) e apoio financeiro do BNDES através do Fundo Amazônia.