Sistemas agroflorestais geram impactos positivos para mitigar os efeitos da emergência climática e promover a rápida recuperação de áreas degradadas na Amazônia
A data reservada para o “Dia Mundial de Combate à Seca e à Desertificação”, 17 de junho, traz o despertamento sobre as mudanças que atravessamos e os impactos ao meio ambiente, no entanto, diante da gravidade desse efeito ao Planeta, em vista que atravessamos um momento de alterações climáticas, devemos aproveitar a semana para refletir sobre os riscos de desertificação e os possíveis impactos socioambientais provocados por esse fenômeno. As causas estão relacionadas com as mudanças no uso do espaço agrário e a gestão inadequada ou mesmo irresponsável da vegetação e da água, provocando impactos como a redução de espécies nativas e desprotegendo o solo.
A exploração dos recursos naturais de forma excessiva, o desmatamento de florestas para o uso agrícola, as colheitas sem rotação e até os usos de fertilizantes e pesticidas químicos ajudam a piorar os ecossistemas, acelerando os processos de secas e desertificação.
Algumas medidas já conhecidas contribuem para evitar a desertificação, como a redução e até mesmo o fim do desmatamento, abolição da prática de queimadas, ampliar as ações de recuperação de áreas degradadas, constituir reflorestamentos com criação de barreiras verdes que possam impedir o avanço da devastação florestal, e o uso de técnicas adequadas de manejo do solo inclusive com readequação de sistemas de irrigação.
No Brasil, os biomas Caatinga e Cerrado eram os mais preocupantes nos debates sobre seca e desertificação, mas até a Amazônia vem apresentando índices dessa pressão que acendem os alertas das instituições que promovem pesquisas e estudos sobre as transformações do solo e do clima. Pela dimensão verde, rica em diversidades da fauna e flora, e pelo que a maior floresta tropical do mundo representa para o clima da Terra, a desertificação da Amazônia terá efeito global e catastrófico causando impactos nas populações de diversos lugares e continentes.
Quando se fala em consequências socioeconômicas, os efeitos da seca e da desertificação atingem o aumento da fome no mundo com crescimentos de mortes e de fluxos migratórios, promovendo a desorganização social e econômica dos lugares que recebem as migrações, além de afetar os sistemas de produtividade do solo, a redução de áreas cultivadas, e, consequentemente, disparando os índices de pobrezas e escassez alimentar.
Dentro do diálogo amplo e construtivo sobre o tema, as ações praticadas pelo Centro de Estudos Rioterra, a cerca de duas décadas e meia na Amazônia, apresentam soluções inovadoras que mitigam esses efeitos de seca e desertificação. Os projetos realizados tem ainda o olhar socioeconômico promovendo fontes de renda e de produção alimentar logo nos primeiros anos de execução. Isso é possível pelo modelo utilizado em recuperação de áreas degradas que é o Sistema Agroflorestal – que combina o cultivo de espécies florestais de valor madeireiro, podendo ainda extrair óleos e resinas comercializáveis, com o plantio em mesma área de espécies frutíferas e de curtos ciclos.
Os modelos aplicados já somam resultados para agricultores familiares atendidos que, além de fontes de renda e alimentar, tiveram a reconstituição de nascentes e fluxos de águas dentro de áreas que estavam degradadas. Os primeiros beneficiados já apuraram resultados e servem de vitrine para que novas áreas possam ser implementadas.
A recuperação de áreas degradadas com espécies nativas da região e sistema de plantio que imita a floresta natural consiste em modelo inovador que impacta de forma positiva e promove o desenvolvimento local sustentável.