Pedro Matheus, 87 anos, foi um dos pioneiros a trabalhar com lavoura de cacau em Rondônia. Mato-grossense, decidiu mudar-se para Ji-Paraná após um amigo informá-lo que o Incra estava dividindo terras na região, em 1971. Começou trabalhando para a instituição retirando mudas de banana da estrada do quilometro 15 e plantando cacau no lugar.
As sementes foram trazidas da Bahia, a partir delas Pedro pôde plantar 40 mil mudas de cacau. Após isso, decidiu trabalhar na clonagem dessa espécie. Com a ajuda do Incra conseguiu financiamento para plantar 10 hectares de cacau, logo na primeira colheita retirou 1.300 quilos. Na época o quilo custava cerca de 80 centavos, atualmente está em torno de 12 reais. “Muita gente que eu conheço se arrependeu de ter cortado o cacau, pois está dando uma boa renda”, contou Pedro.
O cacau plantado pelo agricultor há mais de 40 anos, em Ouro Preto do Oeste-RO, produz até hoje. Assis Pereira, filho de Pedro, nascido e criado na comunidade Santa Rosa, na Lavoura de cacau, trabalha para que haja uma mudança nos meios de produção, manejo e comercialização do cacau, pois, segundo o agricultor, as empresas, para qual o cacau é vendido, faturam muito mais do que o próprio produtor. “Estou trabalhando para que o agricultor tenha uma renda e um lucro maior com a produção do cacau, para que ao invés de exportar seja feita a industrialização do fruto na nossa própria região”, explicou Assis.
Essa industrialização tem como foco principal a fabricação de chocolate, através de parceria com todos agricultores vizinhos, para que seja feita uma produção em grande escala. Com objetivo de melhorar a renda da comunidade de Santa Rosa e produzir doces saudáveis e nutritivos. O produto diferencial será a barra de chocolate com açafrão que é uma planta medicinal com ação anti-inflamatória e ainda promove a diminuição dos níveis de colesterol e aumenta a atividade cerebral.
O trabalho da vida de Pedro está gerando frutos e renda até hoje, mesmo com 87 anos continua ajudando nas tarefas da lavoura junto com os filhos. “Eu empurro carrinho de cacau o dia inteiro com os meninos, eu gosto de fazer esse trabalho e só vou parar quando eu não tiver mais força”, contou o agricultor.
O CES Rioterra tem dado apoio aos agricultores rurais, através de projetos, para que assim como Pedro, tenham melhoria de renda e colham os frutos das suas plantações por muitos anos e por meio dessas ações, ajudar no reflorestamento da Amazônia e na diminuição de vulnerabilidades sociais.