No Dia Mundial de Combate à Desertificação (17 de junho), entenda o processo e como ações de restauração e conservação podem evitar o fenômeno na região Amazônica
A cada ano, 17 de junho é lembrado como o Dia de Combate à Desertificação e à Seca. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas em 1994, e o termo desertificação é caracterizado pela perda da capacidade produtiva e de renovação biológica em regiões áridas, semiáridas e subúmidas que, no Brasil, estão localizadas principalmente na região Nordeste.
Mas será que esse processo de desertificação pode ocorrer também em áreas tropicais como a Floresta Amazônica?
Relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), principal autoridade da ciência do clima, aponta que se o desmatamento da Floresta Amazônica, que atualmente está em cerca de 20%, chegar a 25%, entre 30 a 50 anos, as características do bioma Amazônico podem ser alterados de floresta para savana.
Outro estudo que aponta a possível savanização da Floresta Amazônica é do Centro de Resiliência de Estocolmo, na Suécia, publicado na revista Nature Communications. Os dados demonstram que as florestas tropicais são especialmente sensíveis aos impactos das mudanças climáticas no ciclo das chuvas que estão em níveis tão baixos na Amazônia que até 40% da região pode se tornar um ambiente de savana.
O impacto das mudanças climáticas na Biodiversidade da região e o contínuo manejo inadequado dos recursos naturais, como as queimadas e os desmatamentos ilegais, poderiam acelerar o processo e levar a floresta a um estado de degradação irreversível.
Existe uma solução
O manejo das áreas produtivas da floresta de forma sustentável, pelo emprego de tecnologias e sistemas que permitam o desenvolvimento econômico aliado a restauração e conservação da biodiversidade local é a forma mais eficiente de combate a esse processo e na Amazônia rondoniense há muitos exemplos de ações de sucesso nesse caminho.
O Centro de Estudos Rioterra, por exemplo, em parceria com várias organizações locais e internacionais, tem realizado na última década projetos em mais de 12 municípios do Estado que promovem o reflorestamento em áreas alteradas, a recuperação de matas ciliares e o incentivo para a preservação das Unidades de Conservação.
“Acreditamos que um dos maiores problemas relacionados ao desmatamento na região esteja associado a vulnerabilidade econômica e social, por isso, estudamos e apresentamos soluções que permitam aos moradores da Amazônia, como as comunidades extrativistas e os agricultores familiares, manterem e ampliarem as fontes de renda de forma sustentável, preservando a floresta em pé e conservando a biodiversidade local”, destaca Telva Maltezo, presidente do CES Rioterra.
Um dos projetos realizados pelo Centro de Estudos Rioterra que beneficia os produtores locais é o Plantar Rondônia, implementado em cooperação com a Ecoporé e a Fetagro, em parceria com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental – Sedam e apoio financeiro do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES através do Fundo da Amazônia. Desde 2018, o projeto já beneficiou mais de 4 mil agricultores familiares no Estado.