O Centro de Estudos Rioterra iniciou em 2017, parceria com a instituição alemã MISEREOR, com o objetivo de incorporar no planejamento de propriedades rurais amazônicas uma cultura de gestão de resíduos sólidos voltada à mitigação e adaptação de impactos climáticos (socioambientais) através da geração de energia renovável, respeito às questões de gênero e empoderamento de agricultores familiares.
Um dos propósitos é mudar a perspectiva das famílias envolvidas no tocante a produção convencional, que utiliza insumos químicos artificiais, para trabalhos que valorizem os saberes do campo e materiais naturais disponíveis nas propriedades a partir de técnicas agroecológicas.
Dentre as ações previstas, está o maior envolvimento das mulheres da gestão das propriedades rurais a partir do aproveitamento de resíduos para geração de energia térmica através de biodigestores e implantação de hortas que utilizarão biofertilizante produzido pelo equipamento.
Essa tecnologia social, testada pela primeira vez em Rondônia, permite vantagens econômicas, sociais e ambientais. Econômicas devido a economia gerada pelo produção de gás e diminuição, ou mesmo a independência do uso de botijas. Ambiental porque atua sobre a questão de resíduos sólidos, diminuição de gases de efeito estufa e diminuição do corte de lenha na floresta. Social, pois permite a mulher, maior tempo para si e para a família, além de evitar esforços para corte e transporte de lenha.
Por ser inovador, foi realizado um intercâmbio em Pernambuco, com apoio do Centro Sabiá, instituição local, com experiência neste tipo de trabalho, para que as agricultoras pudessem conhecer propriedades que já utilizam essas tecnologias.
O intercâmbio, ocorrido entre os dias 16 e 23 de outubro, promoveu a troca de experiências entre agricultoras familiares das regiões Norte e Nordeste. Participaram do intercâmbio Janaina Alves (coordenadora do projeto), Kelyany Oliveira (educadora), Fernanda da Silva (extensionista rural) e as agricultoras Júlia Rodrigues, Divina da Silva, Lorena Munari, Cristina Alves, Solange Franki, Rosely Ribeiro e Maria Divina Teófilo, residentes em Cujubim – RO.
“Eu estou com a minha cabeça cheia de ideias para fazer no meu sítio, temos tanta terra e a gente produz tão pouco. Agente viu que com o pouquinho de terra eles produzem muito”, comentou Maria Divina, agricultora.
Solange Franki disse, “vim na expectativa de conhecer o biodigestor e já aprendi tantas outras formas de fazer as coisas, outras tecnologias sociais. Acabou sendo o dobro do que eu esperava”.
Para Carlos Magno, coordenador pedagógico do Centro Sabiá, que recepcionou a equipe de Rondônia, “queremos manter a relação e o diálogo com vocês, construir algumas coisas em comum, como metodologias e parceria em cooperação técnica, e principalmente em contribuir e aprender”, finalizou.
O projeto conta com a parceria do Grupo de Pesquisa Energia Renovável Sustentável- GPERS, da Universidade Federal de Rondônia, coordenado pelo professor doutor Artur Moret, que apoiará as ações de desenvolvimento e análise de dados oriundos da geração de energia térmica.
Novos ares sopram para o meio rural em Rondônia…