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Alexandro e Solange Simão: o sonho de plantar

 

O casal Alexandro e Solange Simão, de Itapuã do Oeste, tem uma longa história com a produção de abacaxi, desde antes de conquistarem a própria propriedade. 

O ciclo era sempre o mesmo: arrendar uma terra, fazer a derrubada da floresta, queimar, plantar e colher. Quando o solo começava a ficar improdutivo, se mudavam para uma nova área e o ciclo se repetia. Foi assim por anos até adquirirem uma terra própria.

Ao repetir o ciclo na propriedade e notar a dificuldade de seguir com a cultura com o solo já desgastado, veio a mudança. Solange queria trabalhar com um modelo de rotação. “Comecei a participar de reuniões, saber sobre outras opções de cultura. Eu sempre tive aquela visão de que a gente precisa das árvores, ao mesmo tempo em que precisa reflorestar, a gente precisa da renda. A mudança de visão foi essa: a gente trabalhava só com abacaxi e começou a diversificar”. 

Solange conta que com o apoio dos técnicos de extensão rural e participação nas reuniões e cursos, aprendeu sobre as técnicas para plantio, manejo, e ainda sobre gestão da propriedade rural. “E tudo isso me ajudou a colocar em prática tudo o que eu tinha na cabeça. Tirei os venenos e agora quando precisa, a gente faz uma ‘soluçãozinha’ caseira e resolve”, conta sorrindo.

Cerca de quatro anos após aderir ao projeto, além do abacaxi, a família agora já tira renda da produção de pupunha, abóbora, macaxeira, acerola, cupuaçu, pimenta do reino, entre outras. Para os próximos anos a expectativa é por colher os frutos da lavoura de café e cacau, recém implantadas. “E no meio disso tudo estão as árvores, tá quase virando uma floresta. Daqui a pouco não vai ter mais onde plantar”, fala Solange cheia de orgulho, apontando algumas das espécies florestais que compõem seu SAF, como cedro, cerejeira, ipê e camu-camu.

Orgulho também compartilhado pelo esposo Alex. Ao olhar a área em volta da casa, ele avalia: “Ah, eu acho muito bonito! E o oxigênio é um benefício que a gente tem. Quando a gente sai daqui, sente a diferença. A quatro anos atrás aqui não tinha pássaro, hoje a gente já vê diversidade de aves aqui dentro”, aponta.

Seguindo na contramão

No começo, Alex conta que chegou a ser chamado de louco pelos vizinhos, que estavam investindo em tanques de peixe. “O pessoal disse que eu endoidei, que o negócio era peixe e eu plantando árvores. Tinha vizinho que dava rizada. Eu disse ‘deixa eu aqui com minha loucura’, lembra em meio a gargalhadas, e completa: “hoje a gente vê tudo produzindo, da forma que tá, é muito satisfatório!”.

Solange também lembra da época em que o casal decidiu seguir na contramão do que era costume, inclusive da própria família, tempos antes. “Todo mundo estava querendo uma licença para derrubar e a gente querendo plantar. Mas hoje, muita gente que tirava sarro, chega aqui e se admira. É uma batalha, mas é satisfatório. Estamos construindo ao invés de destruir”, finaliza.

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