No período do Verão Amazônico, que vai de junho a outubro de cada ano, quando as chuvas diminuem, o clima fica mais seco e as temperaturas mais altas, o trabalho realizado por uma das equipes de profissionais do Centro de Estudos Rioterra ganha uma importância ainda maior no propósito de contribuir com o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
É que nesse período as queimadas se intensificam na região e a equipe do setor de Análise e Monitoramento da Paisagem da Instituição fica responsável por analisar as dinâmicas da paisagem, monitorando informações e dados sobre focos de calor e desmatamento para compreender suas relações, elaborar e divulgar relatórios sobre focos de calor e desmatamentos nas regiões onde os projetos são implementados.
Entre as ações de apoio no combate às queimadas, eles também fazem o trabalho de comunicar essas informações para órgãos públicos, entidades parceiras e aos agricultores. Assim, os estudos e produtos produzidos por eles servem de apoio para a tomada de decisão quanto as melhores práticas no combate aos focos de calor, na escolha de estratégias para a restauração das áreas desmatadas e queimadas, e como alerta de perigo para os produtores rurais.
Ações que se complementam
E o trabalho dessa equipe vai muito além. Com um Laboratório de Geotecnologia estruturado com equipamentos modernos e uma equipe de profissionais especializados, o trabalho do setor começa na fase de elaboração dos projetos propostos pela organização, com a análise completa da paisagem da região para compreender o meio físico do ambiente que foi degradado. Como era antes, como está agora, quais suas características e as interferências que sofreu ao longo dos anos.
“Analisamos o ambiente para propor as intervenções mais adequadas à restauração dos ecossistemas comprometidos e apresentar informações para nortear decisões estruturais dos projetos, como cronograma e logística das atividades a serem executadas e na gestão dos recursos”, exemplifica Fabiana Barbosa Gomes, doutora em Geografia e Análise da Paisagem e gerente do Setor de Análise e Monitoramento da Paisagem do CES Rioterra.
“Ao compreender a capacidade de resiliência do ambiente para se reestabelecer e também seu suporte para receber processos e atividades agrícolas, a equipe que elabora os projetos consegue propor modelos que promovam a restauração da cobertura vegetal aliada a uma produção agrícola regenerativa para o ambiente”, complementa Fabiana.
Na prática, a equipe trabalha na produção de relatórios e diversos produtos cartográficos, como cartas imagens e mapas de geologia, geomorfologia, solo, vegetação, hidrografia, estradas, mapas de vulnerabilidade, erosão da região, entre vários outros produtos. “Preparamos o que é chamado de série histórica com informações de como era o ambiente em décadas atrás até os dias atuais para entender o processo de degradação das áreas. Existe uma cadeia de impactos que começa com o desmatamento e os focos de calor, provoca a perda da cobertura vegetal, degrada o solo, compromete os recursos hídricos, o clima, a capacidade de regeneração e de produção
da terra, volume de água potável disponível e impacta o maior desafio da humanidade atualmente, que é o aquecimento global e seus reflexos no clima ao redor do mundo”, alerta Fabiana.
E ainda tem mais
Como a organização é um centro de estudos, o laboratório oferece cursos e disponibiliza produtos cartográficos que contribuem para tomada de decisões e planejamentos regionais aos órgãos envolvidos em ações de gestão territorial. Todos os projetos contemplam a realização de cursos para técnicos das prefeituras parceiras e universitários, além da produção de produtos cartográficos úteis para a tomada de decisão e planejamento na gestão dos territórios desses municípios.
Todos os técnicos do CES Rioterra que trabalham em campo também participam de cursos para aprender a coletar dados, organizar e usar os softwares na produção dos materiais cartográficos e a interpretarem e analisarem os dados.
Depois de refinar os dados, as informações vão para o SigWeb que está disponível gratuitamente no site institucional do CES Rioterra. Trata-se de uma plataforma de gerenciamento de dados geográficos que permite armazenar, analisar e manipular dados espaciais (geográficos) em ambiente Web. “Fomos uma das primeiras instituições ambientais da Amazônia a disponibilizar essa plataforma em nosso site institucional, trazendo de forma transparente, com fácil acesso e disponível para toda a sociedade, todos os dados gerados através de nosso trabalho, com informações de onde, com quais atores e em quais circunstância estamos desenvolvendo nossas ações”, completa Fabiana.