conferência sobre mudanças climáticas começa neste domingo
A 26ª edição da Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), evento realizado anualmente, onde líderes de 197 nações buscam alternativas para a crise climática e apresentam propostas de como os países pretendem combatê-la, começa no próximo domingo, 31, e segue até 12 de novembro, com uma lista de desafios aos quais é fundamental encontrar alternativas eficientes para frear o acelerado avanço do aquecimento global.
Sediada este ano em Glasgow (Escócia), a avaliação dos resultados do Acordo de Paris, firmando em 2015 durante a COP21, deverá ser o ponto de partida de debates e reuniões. O Acordo de Paris foi um marco nas negociações internacionais sobre o combate às mudanças climáticas quando 196 países assinaram o compromisso com metas e ações para limitar o aumento das temperaturas globais abaixo de 2 graus Celsius dos níveis pré-industriais. Contudo a busca é limitar a no máximo, um aumento de 1,5 graus.
Meio grau pode não parecer uma diferença grande, mas os cientistas apontam, por exemplo, que limitar o aquecimento a 1,5 graus em vez de 2 graus pode resultar em cerca de 420 milhões de pessoas a menos sendo expostas a ondas de calor extremas.
E a região Amazônica está entre as que podem ser mais impactadas com graves reflexos sobre a temperatura, a vegetação, a diversidade biológica, a disponibilidade de água, qualidade do ar e do solo e, consequentemente, aumento na emissão de gases de efeito estufa que agravarão progressivamente os problemas.
Impactos que interferem na disponibilidade dos serviços ecossistêmicos fornecidos pela maior floresta tropical do mundo, incluindo a capacidade de produção agrícola e a segurança alimentar, principalmente das populações mais pobres, em condições de vulnerabilidade social e com menos recursos para se adequarem aos novos cenários, como comunidades extrativistas, indígenas e agricultores familiares.
Compromissos do Brasil e da Amazônia
Sob o Acordo de Paris, os compromissos dos países são conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Entre os compromissos feitos pelo Brasil, está implementar o Código Florestal brasileiro em todo seu território, zerar o desmatamento ilegal na Amazônia e restaurar 12 milhões de hectares de áreas degradadas até 2030. Já que a maior emissão de gases de efeito estufa do Brasil tem origem em queimadas e desmatamento de áreas de floresta, o cumprimento dessas metas pode levar a uma redução nas emissões de GEEs no Brasil de 43% com relação as emissões de 2005, ano base para os cálculos.
As metas brasileiras são ousadas e requerem investimento e ampliação das iniciativas para torná-las realidade ainda nesta década. Projetos, como os desenvolvidos pelo Centro de Estudos Rioterra para o reflorestamento de áreas ilegalmente desmatadas em Unidades de Conservação, e em apoio à agricultura familiar no processo de regularização ambiental das propriedades rurais, contribuem para o cumprimento das metas brasileiras com políticas internacionais para mitigação climática.
Iniciativas que, através do reflorestamento de áreas de reserva legal e preservação permanente em propriedades rurais, utilizando Sistemas Agroflorestais, permitem ganhos econômicos e sociais para os povos da Amazônia rondoniense pelo incentivo à recuperação da cobertura vegetal e conservação da floresta em pé. Em 10 anos de atuação, mais de 4 mil produtores já foram beneficiados e quase 6 mil hectares de áreas degradadas foram recuperadas com plantio de mais de 5.8 milhões de árvores.
“Estamos num momento ímpar na história da humanidade. Parece que estamos sempre falando de futuro quando discutimos mudanças climáticas, mas as ações de contenção de emissões de gases de efeito estufa devem ser cessadas ou diminuídas já. Não temos tempo! Aliás, estamos atrasados, pois muitos dos gases que estão circulando na atmosfera levarão anos para se dissiparem. Temos um ativo que é a Amazônia, crucial nessa equação, pois ela abarca 17% de todo o carbono florestal do planeta, rica biodiversidade, inúmeras culturas e povos e muitos produtos para a sociedade. Estamos há décadas falando sobre a importância dessa região e o quanto ela é estratégica para geopolítica global. Espero que os governantes tenham a sensibilidade necessária para dar o devido valor, criar incentivos à conservação e darmos o sonhado passo para a mudança do atual modelo de produção para um que seja de fato, sustentável”, comentou Alexis Bastos, coordenador de projetos do CES Rioterra.
Ações de reflorestamento de áreas degradadas fazem parte do Plantar Rondônia, projeto pioneiro no Brasil para implementação do Programa de Regularização Ambiental de propriedades rurais da agricultura familiar na Amazônia, realizado pelo Centro de Estudos Rioterra em cooperação com a Ação Ecológica Guaporé – Ecoporé e Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia, em parceria com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental – Sedam e apoio financeiro do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES através do Fundo Amazônia
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