Em 2024 a Rioterra espera que o debate sobre clima se volte para soluções efetivas e proteção das florestas.
A pauta dos combustíveis fósseis tomou o centro das discussões na COP 28. Uma pauta importante, mas que derivou em um resultado fraco e falta de compromissos reais que a crise climática requer. Anúncios e decisões importantes para as florestas não tiveram a prioridade que mereciam. Na COP 28 o Brasil lançou um programa voltado para a restauração em larga escala na Amazônia, intitulado “Arco da Restauração”, cujo objetivo é a restauração ecológica de grandes áreas desmatadas e degradadas em Unidades de Conservação, Terras Indígenas e territórios de povos e comunidades tradicionais, áreas públicas não destinadas e Áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal (RL) de assentamentos ou pequenas propriedades (até 4 módulos fiscais. Nesse mesmo caminho, a recém concluída COP enfatizou a necessidade de deter e reverter a perda florestal até 2030, mas enfatizou como são necessários investimentos para esse fim.
A Rioterra, prestes a completar 25 anos de trabalhos e compromisso com a Amazônia e suas populações, está alinhada com esses objetivos. As florestas tropicais cobrem 30% da área terrestre do planeta e elas são chave no combate ao aquecimento global. Elas ainda são indispensáveis na preservação da biodiversidade na terra, contribuem na produção de oxigênio, na regulação do clima local e no ciclo da água. Não haverá solução à crise climática se continuarmos a destruir as florestas, principalmente as grandes florestas tropicais, das quais a Amazônia é a maior. Na COP 28 o Brasil confirmou seus compromissos firmados no Acordo de Paris: desmatamento ilegal zero até 2030, restauração de 12 milhões de hectares até 2030 e implementar o atual Código Florestal. No último ano, com a mudança de governo, o país mostrou que retomou suas ações em prol da natureza e apresentou resultados: uma redução real do desmatamento de 22% entre agosto de 2022 e julho de 2023. Vários países anunciaram investimentos no Fundo Amazônia para a conservação do bioma.
A Rioterra tem trabalhado ao lado das populações da Amazônia na conservação da floresta, na restauração de áreas desmatadas e degradadas no passado, na proteção da biodiversidade e no desenvolvimento de uma economia produtiva de alimentos sustentável, que valoriza cadeias de valor regionais e a manutenção da floresta de pé. “Para que a proteção das florestas seja uma realidade e tenha um resultado positivo na mudança do clima, são necessários mais investimentos que foquem na transição do atual modelo produtivo, intensivo no uso de recursos naturais e emissão de carbono, para um de baixo carbono, consciente e eficiente no uso de recursos naturais”, avaliou Alexis Bastos, coordenador de projetos da Rioterra. “Isso deve ser associado a atividades de redução de desmatamento e proteção à biodiversidade, que tragam benefícios reais e garantia de participação às populações, com um desenvolvimento da bioeconomia”, acrescentou. Também na linha das discussões do clima, a Rioterra tem contribuído com a transição para o fim dos combustíveis fósseis, com projetos pioneiros de energia solar e térmica para as populações da Amazônia. Mesmo que sejam exemplos ínfimos diante das necessidades globais, eles são importantes estudos de caso para a região e suas peculiaridades, contribuindo principalmente, para o bem-estar das populações locais.
Esperamos então que, neste 2024 as discussões do clima se voltem para a Amazônia e demais florestas tropicais, que estas recebam o merecido reconhecimento por sua importância para manutenção das condições de vida no planeta. Consideramos positivo o fato de que, em 2025, a COP 30 terá como sede a Amazônia.