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A força da mulher do campo

As mulheres do campo são agricultoras, empresárias, líderes. O seu trabalho sustenta famílias e é fundamental para a produção de alimentos orgânicos, preservação e conservação das florestas.

Segundo o Censo Agropecuário de 2017, existem 5,07 milhões de estabelecimentos rurais no Brasil, sendo que apenas 18,7% estão sob gestão feminina. No que se refere à participação em atividade associativas, segundo estudos da Embrapa, apenas 5,3% são cooperadas e 9,8% obtêm assistência técnica através de reuniões ou seminários.

A agricultora Creonice Vilarim é um dos poucos exemplos de mulher que participa de atividade associativa, não só participa como é a presidente da Associação de Mulheres Agroecológicas do Riachuelo (AMARI), em Ji-Paraná. Já foi coordenadora de Meio Ambiente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia.

Creonice explica que as pessoas têm uma ideia errada sobre as agricultoras familiares quando acreditam que elas estão no campo por falta de opção, quando na verdade estão por escolha, trabalham para ver a sua propriedade crescer e querem deixar essa herança para os seus filhos.

É o caso da agricultora Rita de Cassia, que desde muito nova aprendeu a trabalhar na roça ajudando o pai: “não fui criada cuidando de casa, eu cresci com a mão na enxada”, contou. Para a agricultora uma das maiores dificuldades que enfrentou em todos os anos de trabalho no campo foi o preconceito, que piorou após o seu divórcio.

Apesar do avanço feminino, o preconceito à atuação das mulheres no campo ainda é recorrente. Segundo dados da Sociedade Nacional de Agricultura 44,2% das mulheres sentem preconceito sutil, enquanto 30% acusam preconceito evidente.

Para poder conciliar a dupla jornada de trabalho, entre as tarefas do campo e as do lar, ensinou os seus filhos a fazerem o trabalho doméstico. Essa é a realidade de muitas agricultoras e apesar de todo esforço e dificuldade que enfrentam, ainda precisam lidar com a discriminação.

Mulheres empreendedoras na agricultura familiar

A agricultora Jacinta Barbosa, juntamente com sua família compraram uma propriedade rural com objetivo de trabalharem juntos para produzirem o próprio alimento. Como a região é rica em plantio de cacau e banana, Jacinta viu a oportunidade de empreender e em parceria com sua filha criaram a empresa “Cacau Raiz”.

A agricultora percebeu que o cacau era bem comercializado, mas as bananas estragavam. Então, teve a ideia de criar um doce que juntasse o chocolate do cacau e a banana, o “choconana”. A produção é feita de forma agroecológica, sem usar adição de agroquímicos. Foram feitos inúmeros testes com várias espécies de bananas até achar a ideal para o doce.

A ideia é disseminar o produto para que os agricultores vizinhos façam parte do empreendimento, ajudando a ampliar as plantações de banana e assim produzir mais matéria prima e gerar maior renda para os agricultores: “quando eu estava pensando em criar o produto queria que ele fosse saudável, saboroso e que tivesse um valor agregado melhor do que da venda só das matérias primas”, contou Jacinta. A venda do “chococana” e de outros produtos da Cacau Raiz é feita através do Instagram da empresa e em lanchonetes de Ji-Paraná

O Centro de Estudos Rioterra tem dado apoio às agricultoras rurais através de seus projetos, pois acredita no empoderamento da mulher do campo e no crescimento econômico e social desse grupo. Tais projetos fazem parte das ações do CES Rioterra em prol da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, idealizado pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Segundo a plataforma da Agenda 2030, esse movimento é um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade, que busca fortalecer a paz universal. O plano indica 17 objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS, e 169 metas, para erradicar a pobreza e promover vida digna para todos, dentro dos limites do planeta.

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