No último dia 18 de janeiro, agricultores familiares de Machadinho do Oeste receberam pagamentos por serviços ambientais. Pagamento por serviços ambientais é o reconhecimento através de remuneração financeira a iniciativas individuais ou coletivas que podem favorecer a manutenção, a recuperação ou a melhoria dos serviços ecossistêmicos (aqueles produzidos pela natureza, como água para as chuvas, produção de oxigênio, estocagem de carbono e conservação da biodiversidade), por aqueles que promovam ações legítimas de preservação, conservação, recuperação e uso sustentável de recursos naturais.
Na ocasião, 113 agricultores que aceitaram o desafio de recuperar áreas degradadas, receberam o pagamento, uma iniciativa inédita e pioneira em Rondônia. Além do valor financeiro os agricultores e agricultoras receberam um certificado de reconhecimento pelas boas práticas implementadas em suas propriedades rurais com o objetivo de conservar os recursos naturais existentes. Essa ação fez parte do projeto Quintais Amazônicos, apoiado financeiramente pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social/BNDES, através do Fundo Amazônia.
Foram contemplados os agricultores familiares que recuperaram áreas alteradas/degradadas com emprego de sistemas agroflorestais (SAFs), inscreveram-se no CAR, conduziram tratos culturais para manutenção dos SAFs e realizaram ações de conservação dos solos. Ou seja, deram passos para regularização ambiental de suas propriedades para que fiquem em conformidade com o atual Código Florestal.
Participaram da solenidade de entrega, o Governador do Estado Confúcio Moura, o prefeito do município Leomar Patrício, o coordenador administrativo do CES Rioterra, Sr. Frederico Bastos e representantes dos agricultores do município o Sr. José Antônio de Sousa, morador da Linha MA-15 e Vanessa Nogueira, uma jovem agricultora moradora da Linha MA-31.
Para o Sr. Frederico Bastos, “a presença de expressivo número de agricultores que atingiram os requisitos necessários à obtenção do pagamento é uma prova do comprometimento destes com as questões ambientais e da mudança de mentalidade dos agricultores. Eles sabem que sem água ou boas condições de solo não há pecuária ou agricultura e que no fim, os maiores prejudicados são eles mesmos”, comentou.
“Com o apoio do projeto Quintais Amazônicos, em um hectare de SAF que foi implantado na minha propriedade, pude colher o maracujá que gerou cerca de 800 kg de polpa. No comércio local o valor do kg da polpa chega a R$ 8,00, ou seja, só com o maracujá obtive uma renda de R$ 6.400,00. Isso tudo em apenas um ano que participo do projeto”, falou o Sr. Cristiano Arrabal, morador do Projeto de Assentamento Tabajara II, Linha TB – 14.
Cada agricultor contemplado no município recebeu R$ 531,70. Ou seja, além de beneficiar diretamente os agricultores envolvidos, o comércio local recebeu uma injeção de R$ 60.082,10.
Para a presidente do CES Rioterra, Telva Maltezo, “esse tipo de iniciativa é importante porque diminui a pressão sobre a floresta (diminuição de desmatamento), permite diversificar a produção e reutilizar áreas abandonadas, lhes dando novas funções. Claro que estas ações precisam ser acompanhadas por outras atividades, como por exemplo acesso a novos mercados, diversificação de renda e organização social. Estamos trabalhando para isso. Contudo, este é um dia histórico para agricultura familiar, sem dúvidas”, destacou Telva.