Os cerca de 700 índios da etnia Zoró no Noroeste de Mato Grosso além das atividades de caça, pesca e culturas agrícolas de subsistência, dedicam-se às atividades de extração e beneficiamento da castanha-do-pará gerando renda e, ao mesmo tempo, mantendo a floresta em pé. Com a produção da castanha ganham autonomia e condições para monitorar e proteger a floresta em seus territórios, evitam desmatamentos e contribuem para mitigar a mudança do clima. Com a pandemia o mercado da castanha praticamente
desapareceu, trazendo como consequência o aumento drástico da vulnerabilidade desta etnia.
As 32 aldeias que formam a terra indígena Zoró foram atingidas duramente pelo novo coronavírus. Na terceira semana de julho havia mais de 100 índios infectados, cerca de 15% da população. As aldeias Zoró estão distantes aproximadamente entre 150 km a 300 quilômetros do primeiro pronto-socorro da região, em Ji Paraná Rondônia, já com todos os leitos ocupados. A Casa de Saúde Indígena onde os índios estão sendo acolhidos não conta com estrutura para tratamento dos pacientes com a Covid-19 e não dispõe de profissionais da saúde para atendimento.
“Todos estão temendo a morte dos parentes, pois os casos já são alarmantes”, diz a Associação do Povo Indígena Zoró, ressaltando que a ameaça se estende aos cerca de 2.500 índios vizinhos das etnias Gavião, Arara e Cinta Larga, espalhados entre Mato Grosso e Rondônia. “As condições gerais de vida dos índios na região, como em todo o Brasil, não são boas, o que nos tornam mais vulneráveis”.