O objetivo do intercâmbio é apresentar novas tecnologias da produção do café, com vistas na melhoria da qualidade e comercialização do produto.
A vida inteira dona Maria Isabel Corrêa sempre trabalhou com café, desde criança, ela conta, mas nos últimos tempos o marido adoeceu, o preço caiu, a família desanimou e a cultura deixou de ser a principal fonte de renda. Entretanto, após conhecer de perto a propriedade de Ronaldo Silva, agricultor familiar premiado por dois anos no Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Café de Rondônia, durante o I Intercâmbio do Café, promovido pelo projeto Plantar em Cacoal, ela passou a ter novas perspectivas com relação ao mercado. Durante três dias, 25 agricultores produtores de café, beneficiários do projeto Plantar de Machadinho do Oeste, participaram do encontro onde trocaram informações sobre boas práticas de manejo e beneficiamento na cafeicultura.
“Desde a minha infância mexendo com café e nesse encontro eu aprendi muita coisa que não sabia, que vai me ajudar a não cometer os erros que cometemos no passado”, reforça a agricultora. Para ela, uma das soluções para a questão do valor do grão no mercado é fortalecer a cadeia, organizando os produtores da região e unindo as produções na busca por um melhor preço atrelado a quantidade, “o que vai ajudar a todos”, conclui.
O objetivo do intercâmbio é apresentar novas tecnologias da produção do café, com vistas na melhoria da qualidade e comercialização do produto, possibilitando aos beneficiários um conjunto de ações dentro da propriedade, desde a regularização ambiental, a extensão rural e as capacitações, o que propicia a obtenção de novas e melhores rendas nas propriedades da agricultura familiar.
A propriedade de Ronaldo tem um pouco mais de cinco alqueires, com 9 hectares formado de café, sendo 7 em produção. Ele é bicampeão de sustentabilidade e uma vez campeão do melhor café do estado. “Há 40 anos moro em Rondônia e toda vida fui cafeicultor, tenho paixão por isso”, ressalta.
Ele conta que a família seguiu todas as orientações dos técnicos e um dos processos que, para ele, faz a diferença na qualidade final do produto é o processo de secagem na tecnologia desenvolvida pelo produtor. O café passa por um processo de lavagem em uma máquina, que retira todas as impurezas remanescentes da colheita e seleciona por peso os grãos. O café mais pesado segue para a secagem na estufa. “De cinco a seis dias com o tempo finaliza o processo de secagem”, explica.
Para ele, é uma satisfação compartilhar os conhecimentos adquiridos com a prática e receber os colegas agricultores na propriedade para a troca de informações. “A gente precisa juntar mais gente para se inserir nesse mercado especial, porque a gente não precisa só de quantidade, a gente precisa de qualidade, que é o que faz a diferença lá na frente”, salienta.
Aldemar Barbosa, outro agricultor de Machadinho, diz ter ficado feliz em ver a dedicação do colega com a atividade. “Vamos levar coisas novas para implantar na nossa propriedade, para que um dia possamos também ser referência na produção de café no nosso município”, finaliza Barbosa.
O projeto contou também com a parceria da Embrapa em Ouro Preto do Oeste, onde os agricultores conheceram o campo experimental de café, onde são realizados experimentos de melhoramento genético e tratos culturais das espécies Coffea canephora e Coffea arábica, também chamado de robusta da Amazônia.
O Plantar é um projeto pioneiro no país, realizado pelo Centro de Estudos Rioterra, em cooperação com a Ação Ecológica Guaporé – Ecoporé e Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia, em parceria com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental – Sedam e apoio financeiro do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES através do Fundo da Amazônia.