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Projeto AGRO VERDE – As mudas

A organização das mudas de espécies nativas amazônicas no projeto Agro Verde, conduzido pela Rioterra em parceria com Reforest’Action, representa um avanço metodológico que visa otimizar tanto a logística de plantio quanto o sucesso de restauração ambiental. O sistema de agrupamento em “rocamboles”, desenvolvido pela equipe de viveiro da Rioterra, facilita a distribuição eficiente das mudas, assegurando que sejam plantadas nas condições corretas quanto à localização, proporção, profundidade, entre outros fatores técnicos. Segundo Raquel Jacobsen, Supervisora do Viveiro e Coordenadora de Produção de Mudas da Rioterra, “essa metodologia inovadora, embora simples, garante que as mudas sejam plantadas de forma precisa, aumentando significativamente as chances de crescimento saudável e maturação das espécies plantadas.”

As mudas são divididas em dois grupos principais: “Preenchimento” e “Diversidade”. As espécies de Preenchimento, que representam cerca de 75% das mudas distribuídas, são plantas rústicas e de rápido crescimento, adaptadas ao pleno sol e que desempenham o papel crucial de criar um microclima adequado para as espécies de Diversidade, as quais compõem os 25% restantes. As espécies de Diversidade são geralmente de maior interesse madeireiro e requerem sombreamento parcial para se desenvolverem adequadamente.

“Essa divisão, somada ao correto manejo e organização, é fundamental para garantir o pegamento das mudas e a restauração das áreas degradadas com sucesso”, afirma Jacobsen.

Desafios e Características do Solo Amazônico

O solo amazônico apresenta características desafiadoras para o desenvolvimento agrícola e florestal. Predominantemente ácido e pobre em nutrientes, o solo da Amazônia é altamente dependente da matéria orgânica superficial, que é rapidamente decomposta e reciclada pela densa vegetação nativa. Sem a cobertura florestal, a capacidade do solo em reter nutrientes diminui drasticamente, resultando em rápida degradação. Estudos recentes indicam que os solos amazônicos são altamente susceptíveis à compactação e erosão quando expostos, o que agrava ainda mais o processo de degradação ambiental (Rodrigues et al., 2016).

Para mitigar esses desafios, o projeto Agro Verde adota práticas de recuperação do solo, como a aplicação de calcário para neutralizar a acidez, em conjunto com o plantio de espécies nativas que têm maior capacidade de adaptação às condições do bioma. As espécies de “preenchimento”desempenham um papel essencial na recuperação inicial, ajudando a restabelecer a cobertura vegetal e proteger o solo da erosão. Já as espécies de ,” diversidade” além de contribuírem para a biodiversidade local, também promovem a reconstituição do ciclo de nutrientes no solo.

A abordagem do projeto visa criar um sistema florestal sustentável, que não apenas restaura a função ecológica das áreas degradadas, mas também promove o desenvolvimento socioeconômico dos produtores rurais envolvidos através do pagamento por serviços ambientais. As espécies madeireiras de elevado valor econômico  plantadas com sombreamento adequado, em reservas legais, proporcionam uma fonte de renda de longo prazo para os agricultores.

Conclusão

A metodologia adotada no projeto Agro Verde, desde a organização das mudas até a recuperação do solo amazônico, destaca a importância de um planejamento técnico robusto para a restauração florestal. Combinando conhecimento científico, inovação tecnológica e práticas sustentáveis, o projeto tem demonstrado um alto índice de sucesso no pegamento das mudas e na reabilitação de áreas degradadas, reforçando a viabilidade de sistemas agroflorestais como solução para os desafios da conservação e do desenvolvimento econômico na Amazônia.

O projeto Agro Verde é uma realização da Rioterra em parceria com o Reforest’Action, com o apoio do Governo de Rondônia e apoio financeiro do Amazon Biodiversity Fund (ABF).

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