A Rioterra foi convidada para mostrar os resultados do Projeto Energias Renováveis da Amazônia
Diante do avanço do desmatamento pela extração ilegal e os impactos causados pela mineração e pecuária agressiva, a Amazônia pode atingir o que se chama de “tipping point” ou ponto de inflexão ou mesmo ponto de não retorno. Isso significa que se não pararmos de desmatar a floresta como temos feito, em breve esta não conseguirá manter as condições ecológicas tais quais as conhecemos hoje e passará por drásticas mudanças como savanização, perda de biodiversidade, diminuição do volume e padrão das chuvas, por exemplo. Alternativas são constantemente apresentadas para contrapor ao discurso desenvolvimentista que promove o desmatamento ilegal, ameaçando a permanência da floresta e do bioma. A bioeconomia é uma das alternativas de consolidar formas produtivas que dialoguem com a vocação regional, utilize os conhecimentos ancestrais dos povos indígenas e populações tradicionais e observe a capacidade de suporte dos ambientes, gerando uma economia responsável e que valorize a floresta em pé.
Diante dessa condição, o Ministério da Educação (MEC) por meio de cooperação técnica entre Brasil e Alemanha, consolida redes de educação profissional e tecnológica para estimular a bioeconomia da Amazônia ampliando a divulgação de produtos e criando mecanismos de formação e capacitação para aprimorar os processos de produção e comercialização dos produtos da floresta.
O projeto “Profissionais do Futuro: Competências para a Economia Verde” é uma ação conjunta do Ministério da Educação (MEC), Ministério do Trabalho e Previdência (MTP) e a GIZ Brasil visando a cooperação em educação profissional e agregar casos de sucesso que estimulam a transição para a economia verde. Para divulgar esse projeto, a jornalista e consultora Fabiana Dias iniciou no final de junho (2024) gravações de entrevistas em formato podcast e as ações de economia verde realizadas em Rondônia entraram nessa pauta.
Inovação tecnológica da Rioterra
Para conhecer o que Rondônia efetivamente realiza, o projeto Profissionais do Futuro chamou atores locais para expor suas ações. A Rioterra entrou na pauta de entrevistas foi o projeto Energias Renováveis da Amazônia – ERA, realizado com o objetivo de melhorar as condições das mulheres na área rural. No cerne do projeto está a mudança das condições de preparo de alimentos nas propriedades de agricultura familiar. Ainda é comum se ver o uso de fogões de lenha, tanto devido aos preços do gás de cozinha, inacessível para muitas famílias, quanto por aspectos culturais. Independente do motivo, são as mulheres as responsáveis por ir à mata, cortar lenha. Essa atividade consome cerca de 3 a 4 horas por dia durante dois ou três dias da semana das mulheres. Sem contar que o uso de lenha continuada tem causado doenças pulmonares. Para criar um meio alternativo e melhorar as condições das mulheres, o CES Rioterra começou a introduzir biodigestores – inovação tecnológica que reduz as emissões de gases de efeito estufa, gera economia para as famílias agrícolas e promove uma agricultura de baixo carbono com a substituição do corte de lenhas e ainda produz biofertilizante.
Para falar sobre os resultados foi convidada para a entrevista, a presidente da Rioterra Fabiana Barbosa Gomes que explicou sobre os resultados do projeto. Ela disse que a região de implantação dessa tecnologia é predominante de agricultores familiares que dependem da lenha e possuem baixa renda. O projeto permite para famílias que em média possuem renda de R$17.000,00 uma economia de aproximadamente 18% da renda anual. Isso sem falar na produção de biofertilizantes, que gera um custo evitado da ordem de R$20.000,00.