A conservação da floresta em pé e contribuir para a mitigação das mudanças climáticas é o grande objetivo do projeto.
É possível viver em harmonia em comunidade e com o meio ambiente. A afirmação é de José Pinheiro Borges, presidente da Associação de Moradores da Reserva Extrativista Rio Preto-Jacundá (Asmorex), feita durante a cerimônia de inauguração e entrega das oito casas, auditório, refeitório, escritório, banheiros e antena para comunicação e internet na reserva, obras realizadas por meio do crédito de carbono gerado através do projeto de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal, o REDD+, realizado de forma pioneira, e ainda inédita, dentro de uma unidade de conservação no Brasil.
“O projeto de REDD+ da Resex Rio Preto-Jacundá traz o incentivo para manter a floresta em pé, manter qualidade de vida pra população que aqui habita”, explica Pinheiro. São 30 famílias morando no local, um total de 150 pessoas.
Localizada nos municípios de Machadinho D’Oeste e Cujubim, a Resex Rio Preto-Jacundá compreende uma área de 95,3 mil hectares. Conservar a floresta em pé e contribuir para a mitigação das mudanças climáticas é o grande objetivo do projeto.
Além disso, o REDD+ visa a promoção do bem-estar da comunidade, por meio do fortalecimento social, de cadeias produtivas, associativismo, com a realização de cursos e treinamentos, levando em consideração as características sociais e culturais dos seringueiros
O projeto proporciona aos moradores da resex uma melhoria na produção com responsabilidade, diz Pinheiro. “Trabalhávamos de forma aleatória, não tínhamos nenhum estudo ou pesquisa. Agora estamos trazendo um trabalho de fortalecimento de cadeias produtivas de castanha, açaí e farinha, produtos que já extraíamos, produzindo com mais qualidade”, explica.
É destas atividades que, como os demais moradores, Luciana Alves de Oliveira e José Raimundo de Oliveira Carril mantém a família de sete filhos. Eles foram os primeiros a receberem as chaves da nova casa, construída por meio dos créditos de carbono gerados pela conservação.
Sobre o sentimento nesse dia de festa ele é enfático. “A felicidade é grande! A gente já sofreu tanto e agora ver essa melhoria é muito gratificante” diz Luciana, que faz questão de reforçar que trabalhou na obra da própria casa e demais estruturas. A nova estrutura social também era um sonho antigo da comunidade. “O projeto foi a semente pra tudo isso, agora a gente vê os frutos”, finaliza.
Outro ponto salientado pela associação foi o fortalecimento da gestão. Pinheiro explica que hoje a Asmorex adota método participativo, na busca de envolver todos os moradores, como meio de compartilhar conhecimentos e gerir os recursos do projeto. “Nós temos hoje uma associação considerada das mais organizadas na região e nós temos sentido isso. As pessoas da comunidade estão mais interessadas na política institucional da nossa organização”.
Próximos passos
Telva Barbosa Maltezo, presidente do Centro de Estudos Rioterra, entidade parceira na execução do projeto, juntamente com a Asmorex, Biofílica Investimentos Ambientais e Governo de Rondônia por meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam), anunciou, durante o evento, que estão previstos para 2019 aquisições de um ônibus e uma caminhonete para atender a comunidade, a construção de novas casas, implementação de sistema de abastecimento de água, poços artesianos, construção e estruturação de um ambulatório médico e odontológico, formação de agentes de saúde, além de trabalhos de diagnósticos de cadeias produtivas para fomento à economia.
Telva reforçou os resultados positivos do projeto até aqui, fruto de importantes parcerias, e dos trabalhos realizados pelo CES Rioterra ao longo dos últimos 20 anos para conservação da Amazônia e apoio à agricultura familiar. “Esse projeto é pioneiro e serve de modelo não apenas para Rondônia, mas para todo o Brasil”, finalizou a presidente ao parabenizar os moradores pela dedicação em prol da conservação da floresta.
Também presente no evento, o governador do Estado, Marcos Rocha, salientou o pioneirismo do projeto e a atuação dos parceiros. “Nosso desejo, como governo, é que nossas comunidades se desenvolvam de forma sábia, sustentável, sem destruir, para que nossas crianças no futuro, saibam ainda mais utilizar os recursos naturais de forma consciente”, disse.
Ao final, o governador expressou o desejo de levar o projeto às outras 40 unidades de conservação do Estado. Ele também anunciou que apresentará o modelo em Brasília, na Rondônia Rural Show (que acontece na próxima semana em Ji-Paraná) e ao Consórcio Brasil Central, formado pelos governadores dos estados de Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Tocantins e Distrito Federal.