Parceria abrange mais de 200 entidades de Rondônia, Noroeste do Mato Grosso e Sul do Amazonas
Entidades dos estados de Rondônia, Noroeste do Mato Grosso e Sul do Amazonas, sudoeste da Amazônia brasileira, que atuam junto a mais de 200 organizações em projetos voltados para o desenvolvimento social, econômico e ambiental formalizaram recentemente a criação da “Rede de Inovação em Gestão Territorial do Sudoeste da Amazônia”.
A rede terá como foco ações na área conhecida como “Arco do Desmatamento”, onde a floresta vem sendo substituída pela pecuária bovina e produção de grãos em ritmo acelerado. A região abriga milhares de agricultores familiares, povos indígenas, populações tradicionais e algumas das mais importantes reservas florestais do país, com 35 Terras Indígenas, 40 Unidades de Conservação Estaduais e outras 19 Unidades de Conservação Federais.
A rede pretende ser referência em modelos de desenvolvimento socioambientais e econômicos voltados para a gestão territorial no sudoeste da Amazônia, que considerem a conservação da sociobiodiversidade, a participação social e a integração de políticas. Suas atividades estão orientadas a partir das seguintes linhas de atuação: Gestão e Ordenamento Territorial, Fortalecimento e Organização Social, Desenvolvimento de Cadeias Valor da Agrobiodiversidade e Adaptação e Mitigação às Mudanças Climáticas.
Rondônia está representada na Rede pelas entidades Ação Ecológica Guaporé (Ecoporé) e Centro de Estudos Rioterra, que trabalham com conservação e desenvolvimento socioeconômico da agricultura familiar e Pacto das Águas, que atua para o desenvolvimento de cadeias de valor, com ênfase na castanha. Mato Grosso está representado pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (Aderjur), criada em 1994, no Noroeste do Estado, cujas ações estão voltadas para a reconversão produtiva de áreas com sistemas alternativos de produção, para o cooperativismo e fortalecimento de cadeias de valor junto com agricultores familiares e povos indígenas daquela região. A Operação Amazônia Nativa (OPAN), representante do Sul do Amazonas, trabalha pelo protagonismo social e econômico dos povos indígenas.
Num contexto histórico de ocupação desta região sudoeste da Amazônia, Rondônia deu o primeiro passo na colonização de áreas de floresta, desde o início dos anos 1970, por meio de uma atuação do Incra, assentando milhares de famílias de agricultores. Estes continuam atualmente migrando para os estados vizinhos, do Mato Grosso e do Amazonas, expandindo o modelo de agricultura itinerante na área do “Arco do Desmatamento”.
“Esta migração somente poderá ser interrompida com projetos e políticas eficazes de uso e ordenamento territorial e com a fixação das famílias no campo, desenvolvendo atividades econômicas condizentes com as condições de solo e clima regionais e com o perfil destes agricultores”, informou o representante da Aderjur, Paulo César Nunes .
“A Rede permitirá que as instituições que a compõe e seus parceiros atuem de forma integrada e coesa na implementação de atividades, projetos e programas, bem como no acompanhamento de políticas públicas sociais, econômicas e ambientais que possam melhorar processos de gestão de território no sudoeste da Amazônia, área de fronteira agrícola que vem sofrendo enorme pressão e desmatamentos. A parceria possibilita maior abrangência de ações e impacto dos projetos que já são realizados pelas integrantes da Rede. Precisamos agir na origem do problema que gera o desmatamento e não somente onde ele está ocorrendo”, segundo o coordenador de Projetos do Centro de Estudos Rioterra, Alexis Bastos.
“Se pensarmos na enorme diversidade ambiental e cultural da Amazônia e nas diversas dimensões da sustentabilidade, há uma série de desafios complexos oriundos de tensões dos modelos de ocupação em sua franja meridional que exigem, para a sua resolução, ações integradas entre várias esferas da sociedade civil organizada, povos indígenas, tradicionais, agricultores familiares e sua articulação com diversas instâncias do governo. É justamente neste contexto que surge a rede – Plácido Costa, coordenador do Pacto das Águas”
Marcelo Ferronato, presidente da Ecoporé, enfatiza que a união de forças entre as organizações e atuação articulada e planejada, irá proporcionar maior impacto nas ações já desenvolvidas pelas integrantes da rede, sendo, portanto, um importante passo para aprimorar e fortalecer o desenvolvimento verdadeiramente sustentável da região. “Juntos somos muitos fortes” finalizou.