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REFLORESTAMENTO NA AMAZÔNIA COM O SISTEMA MUVUCA PROPORCIONA MENOR CUSTO E POSSIBILIDADE DE RENDA

Técnica vem sendo aplicada como inovação pela Rioterra em áreas degradadas em Rondônia

Uma solução para o Brasil atingir a meta de recuperar 12 milhões de hectares de florestas e vegetação nativa estabelecida no Acordo de Paris em 2015 é a implementação do Programa de Regularização Ambiental/PRA, prevista no atual Código Florestal. Ao mesmo tempo em que vários projetos ambientais se esforçam para alcançar esse objetivo, o desmatamento dos biomas no Brasil ainda é um problema que precisa ser resolvido. A Década da Restauração de Ecossistemas da ONU 2021–2030 é um chamado à ação global para conter o avanço dos efeitos climáticos. A taxa consolidada de desmatamento da Amazônia Legal Brasileira (ALB) em 2023 foi consolidada em 9.064 km2, apresentando redução de 21,8% em relação ao período anterior, no entanto, o bioma amazônico continua sob pressão do desmatamento ilegal.

Algumas iniciativas estão promovendo a restauração florestal nesse bioma com a finalidade de contornar um cenário. A intenção é plantar milhões de hectares que foram perdidos, mas que ainda podem ser recuperados. Os projetos vão além do meio ambiente ao fornecer um retorno para as pessoas que contribuem para o bem-estar ambiental ajudando na manutenção da floresta em pé. Como exemplo, a iniciativa do projeto de reflorestamento Floresta Produtiva realizado pelo Instituto Socioambiental (ISA) em parceria com a Rioterra, estabelece a recuperação de áreas degradadas. 

Segundo Danielle Celentano, que atua como analista sênior na área de restauração ambiental no ISA, é importante ressaltar que os 17 objetivos de Desenvolvimento Sustentável são favorecidos pela restauração de ecossistemas, justificando assim a declaração da ONU sobre esta década como a época de restauração de ecossistemas. “É agora ou nunca!”, enfatizou. Ela também destacou que a restauração é um esforço consciente para apoiar a recuperação do meio ambiente. Esse processo pode ocorrer de várias maneiras e por meio de diferentes técnicas. “Com a floresta a gente tem água no solo, água no rio, água no lençol freático e chuva. Floresta é vida, floresta é água”, afirmou. 

PROJETO

O projeto de reflorestamento “Floresta Produtiva” tem execução prevista de 2023 a 2025 e busca criar e difundir modelos inovadores de restauração florestal que combinem a recuperação do ecossistema com a geração de renda para produtores rurais. De acordo com a coordenadora de restauração florestal da Rioterra, Iara Barberena esta ação também tem finalidade socioeconômica visando proporcionar retornos financeiros para a comunidade beneficiada, através do método de semeadura direta e diversificada de espécies nativas que servem para o manejo de madeira, as frutíferas para colheita de frutas para subsistência e geração de renda e outros produtos como extração de óleos e essências a longo prazo. “A ideia é que com o tempo os proprietários possam retirar esses produtos e aumentar a renda também. Então, além da restauração de objetivo ecológico, a gente vai está também aumentando  a renda do produtor”, explicou.

A ação ainda pretende atingir a instalação e manutenção de áreas destinadas a recuperar a produção, promover a transferência de tecnologia para restauração florestal, principalmente a técnica de semeadura direta e fomentar a coleta e construção de casas de sementes. Também disponibilizará um sistema de informações com o objetivo de organizar os dados relacionados à coleta e comercialização de sementes, além de compor um modelo econômico para sistemas produtivos biodiversos usando espécies regionais com potencial econômico.

A presidente da Rioterra, Fabiana Gomes destacou a importância da parceria com o ISA e Redário – uma articulação entre redes e grupos de coletores de sementes para estruturação da base da cadeia de restauração em larga escala, que são referências na técnica da muvuca e que essa aplicação vai inovar com praticidade e economicidade. “A Rioterra vem desenvolvendo um modelo de plantio direto e o ISA há mais de 16 anos, vem desenvolvendo a tecnologia, implementando áreas de muvuca. Essa parceria está gerando novos conhecimentos que serão compartilhados com organizações que estão aqui, outras entidades e empresas”, afirmou.

A área de cultivo pelo projeto integra o Centro de Bioeconomia da Amazônia (CBCA) e a execução beneficia diretamente a comunidade rural de Vila Nova de Teotônio, em Porto Velho (RO), que poderá extrair produtos não madeireiros dos sistemas implantados. O projeto também gera emprego com a capacitação e contratação de mão de obra local para as atividades de plantio e manutenção da área em recuperação. O CBCA foi lançado em 2022 sendo o primeiro dedicado à pesquisa e disseminação de tecnologias para a recuperação da cobertura vegetal na Amazônia. O projeto é uma parceria entre a Santo Antônio Energia, o Centro de Estudos Rioterra e o Instituto Amazônia+21. 

A presidente da Associação dos Moradores da Reserva Extrativista Rio Preto Jacundá (Asmorex), Denise Viana Borges conheceu o projeto e destacou que essa técnica de plantio com semeadura direta gera grande possibilidade para a comunidade por ser fácil de implementar e traz benefícios por ser planejado. As escolhas das sementes favorecem o tipo de arranjo florestal desejado na área fazendo a combinação do Sistema Agroflorestal (SAF). “Podemos escolher as espécies, principalmente essas que trazem retorno econômico mais rápido, então pra minha comunidade seria algo muito interessante”, afirmou.

MUVUCA 

Na implantação do projeto de reflorestamento Floresta Produtiva, o ISA e a Rioterra estão implementando o método de reflorestamento conhecido como muvuca de sementes que é uma técnica de semeadura direta com uma mistura de sementes espalhada na terra para tentar reproduzir o comportamento da floresta o mais próximo possível. A muvuca de sementes é um método de reflorestamento mais barato que o plantio direto e a depender dos objetivos de restauração, pode ser eficaz, gerar benefícios financeiros e sociais na restauração de biomas. As sementes são escolhidas em rigoroso critério de qualidade, formando um verdadeiro mix de sementes que são jogadas diretamente na terra.

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