Entender a dimensão dos desafios da Década da Restauração, discutir práticas, métodos e articular pessoas e instituições é um passo fundamental para o avanço da restauração no Brasil.
A troca de experiências sobre técnicas de restauração da cobertura vegetal favorece o desenvolvimento de novas tecnologias que podem ser adotadas em diversos biomas. A proposta é aperfeiçoar as estratégias regionais de restauração e contribuir para as decisões das políticas públicas relacionadas às mudanças climáticas. Durante os dias 8 a 12 de julho, essa temática pretende aquecer os debates e discussões na V Conferência Brasileira de Restauração Ecológica, realizada em Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), às margens do Rio São Francisco, no coração do semiárido mais biodiverso do mundo.
O tema é “SOBRE +10: O Futuro da Restauração” direcionando os debates ao longo de como será a restauração nos próximos 10 anos. Para isso é preciso entender a dimensão dos desafios da Década da Restauração proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) com discussões práticas e apresentações de métodos junto com a articulação de pessoas e instituições que atuam com restauração ecológica no Brasil.
As inovações tecnológicas do Centro de Estudo Rioterra foram escolhidas para compor o arranjo de modelos bem sucedidos a serem apresentados durante a Conferência. A instituição atua há 25 anos em Rondônia e possui diversos resultados práticos aplicados no bioma amazônico e podem servir como referência para outras regiões.
A coordenadora de Restauração Florestal e Vice-Presidente da Rioterra, Iara Barberena, apresentou a palestra “Florestas Produtivas: Integrando Muvuca de Sementes e Mudas Florestais para a Restauração da Amazônia”, durante a sessão simultânea “Restauração Produtiva na Amazônia: Modelos, Custos e Mercados”. A apresentação ocorreu no dia 11 de julho, às 10h30, no Complexo Multieventos da Universidade Federal do Vale do São Francisco, onde aconteceu o evento.
Durante a palestra foram apresentadas as ações de restauração da Rioterra, em especial o experimento desenvolvido junto a Instituto Socioambiental – ISA e Redário, no Centro de Bioeconomia e Conservação da Amazônia (CBCA), localizado na comunidade Vila Nova de Teotônio, em Porto Velho (RO). Nesse experimento estão sendo testados três tipos de forma de semear a muvuca sendo: coveta, linha e a lanço. Também conhecida como semeadura direta, a muvuca, consiste no plantio de uma mistura de sementes de espécies nativas como método de recomposição de florestas ou outros ecossistemas.
De acordo com a pesquisadora Iara Barbarena, os experimentos de muvuca implantados têm como diferencial o plantio de entre linhas, cobertos por mudas de açaí e espécies florestais de interesse econômico e espécies de sementes recalcitrantes (espécies que pelas características da semente tem baixa germinação através da técnica da Muvuca). O projeto também tem como objetivo a transferência de tecnologias sobre métodos de restauração florestal, em especial a técnica de semeadura direta e o desenvolvimento de modelos econômicos sobre sistemas agroflorestais com originação através de muvuca. Esse modelo de restauração produtiva poderá ser replicado na região amazônica.